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4º Debate - 18/10/2011

Luís Saraiva, mestre e doutorando pelo IPUSP, esteve à frente do quarto debate, em 18 de outubro de 2011, intitulado “A pedagogização das diferenças sexuais: o cinema como dispositivo educativo”. O debate levou o mesmo nome de sua dissertação de mestrado, que investigou a inclusão e a heteronormatividade a partir do cinema. Sua pesquisa também foi notícia na Agência USP: “O psicólogo encara o cinema como um lugar de aprendizado, onde se legitimam ou não modos de ser, pensar e sentir, além de convocar para uma reflexão sobre si mesmo, sendo portanto uma prática que afeta a subjetividade. Para analisar como as formas de sexualidade não-heterossexuais eram tratadas no cinema, Saraiva utilizou os filmes Milk – A Voz da Igualdade (EUA, 2008), Preciosa (EUA, 2009), Beleza Americana (EUA, 1999), Longe do Paraíso (EUA, 2002), O Segredo de Brokeback Mountain (EUA, 2005) e Meninos não choram (EUA, 1999). O pesquisador buscou analisar como a não-heterossexualidade é tratada desde a década de 1950, mas na ótica de hoje. Por isso os filmes escolhidos, embora produzidos entre 2000 e 2010, retratam décadas diferentes.

 

Luís Saraiva.

 

Por meio de sua análise, Saraiva pode estabelecer padrões sobre como essa parcela da população era retratada no cinema. Ele observou que há uma incitação a se descobrir gay, a partir da descoberta de si mesmo; há também uma incitação a uma militância depois de se descobrir, um incentivo a usarem sua sexualidade como arma de luta política, bem como é necessário seguir algumas regras. Por exemplo, os homens gays são convidados a assumirem uma identidade viril, eliminando traços de feminilidade. Para o pesquisador, isso intensifica a segregação de outros grupos, já que as figuras afeminadas, como as travestis, ficam à margem deste padrão.

Saraiva observou ainda que a forma estável de relacionamento é a tida como ideal, desvalorizando-se relacionamentos mais transitórios, nômades, tidos como promiscuidade, ao mesmo tempo em que se legitima o casamento e a constituição de famílias. Segundo o psicólogo, essa valorização da figura do homossexual se dá a partir do fim dos anos 1990, com um aumento de personagens gays, e é contrária ao modo com que foram mostrados historicamente pelo cinema. 'O lugar deles nos filmes é o mesmo que o dos outros: eles trabalham e são pessoas de bem, diferentemente da imagem até então hegemônica como pessoas caricatas, pervertidas e/ou criminosas', diz." (Fonte: "Estudo questiona inclusão social de homossexuais", em http://www5.usp.br/1788/estudo-questiona-a-inclusao-social-de-homossexuais/). 

A dissertação de Luís Saraiva está disponível no endereço: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-19072011-110706/pt-br.php