Estrutura Populacional e Filogeografia de Drosophila Meridionalis (Diptera, Drosophilidae

Tema: 
Biodiversidade
Autor(a): 
Érica Cristina de Carvalho Silva Bernardi
Orientador(a): 
Maura Helena Manfrin
Palavras-Chave: 
não há
Ano: 
2010
Curso: 
doutorado
Unidade: 
FMRP -- FAC DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

Drosophila meridionalis (grupo D. repleta, subgrupo D. mulleri) é uma espécie cactófila, endêmica da América do Sul, cujas populações, geralmente, encontram-se geograficamente isoladas. Estudos citogenéticos revelaram a existência de variação cariotípica entre suas populações, sendo descritos cinco cariótipos distintos, que diferem em relação à quantidade e distribuição de heterocromatina constitutiva nos microcromossomos. Embora potencialmente adequada, D. meridionalis, até o momento, não foi utilizada como modelo em pesquisas sobre os processos de diferenciação populacional e especiação. Neste trabalho, foram analisados 226 indivíduos, provenientes de 27 populações de D. meridionalis. As análises populacionais, utilizando 188 sequências de 642 pares de base do gene motocondrial COI, mostraram a existência de três linhagens evolutivas dentro da unidade taxonômica atualmente reconhecida como D. meridionalis. A linhagem A ocorre no interior dos estados de São Paulo e do Paraná, e no litoral de Santa Catarina e de São Paulo; a linhagem B ocorre no interior e litoral do estado do Rio Grande do Sul e litoral de Santa Catarina; e a linhagem C está distribuída desde o litoral do estado de Santa Catarina até o interior da Bahia. As relações filogenéticas estabelecidas para as populações analisadas sugerem que a linhagem B é um grupo parafilético em relação à linhagem C. As análises filogeográficas detectaram eventos de expansão populacional em todas as linhagens. Esses eventos são similares aos sugeridos em estudos anteriores para explicar a distribuição geográfica de espécies do “cluster” D. buzzatii, que ocorrem em simpatria com as linhagens de D. meridionalis. Devido às restrições ecológicas, pode-se esperar que tanto as populações das espécies do “cluster” D. buzzaii, quanto as populações da espécie nominal D. meridionalis, tenham sido influenciadas de maneira similar por eventos vicariantes e pelas alterações na distribuição dos cactos, devido a eventos paleoclimáticos, na América do Sul. A análise morfométrica de 208 asas mostrou que existe diferenciação morfológica entre as populações de D. meridionalis, corroborando a existência das linhagens A, B e C, assim como a maior proximidade evolutiva entre as linhagens B e C. Estudos adicionais das populações da espécie politípica D. meridionalis, como, por exemplo, o estudo do isolamento reprodutivo entre populações representativas de cada uma das três linhagens evolutivas, auxiliarão na definição taxonômica dessas linhagens dentro do complexo D. meridiana do subgrupo D. mulleri.