O Valor Econômico da Água. Revisão Crítica da Abordagem Neoclássica
A água sempre foi tida como bem abundante, desprovido de importância econômica, não obstante sua essencialidade para a vida. Entretanto, em virtude da brutal elevação da demanda, decorrente do alto nível de exigibilidade da civilização urbana-industrial, ela tem passado cada vez mais a ser encarada como recurso escasso, cujo uso deveria ser cobrado. Nessas condições, ganha relevância a discussão em torno do seu efetivo valor econômico. A concepção dominante, elaborada pela teoria neoclássica, considera que o valor de um bem provém da avaliação do consumidor, manifesta em sua "disposição a pagar". Muitas críticas, no entanto, têm sido levantadas à aplicação deste enfoque para a água, uma vez que privilegia o caráter utilitarista da avaliação. Com a irrupção de novos paradigmas do conhecimento científico, diversas abordagens têm-se apresentado no sentido de ampliar ou de modificar a concepção neoclássica. O presente trabalho tem por objetivo analisar a inserção da água no campo da economia e discutir os fundamentos teóricos de sua valoração. Para tanto, é realizada a uma revisão da abordagem neoclássica, destacando-se as limitações que tal concepção apresenta para lidar com recursos ambientais como a água