meio ambiente, organizacao e poder: as novas faces do embate politico capital-trabalho
Este texto analisa as relações entre o meio ambiente e a organização social do trabalho a partir de uma perspectiva histórica. Nessa direção, adotamos uma abordagem mais integradora que articula: a evolução dos principais paradigmas do conhecimento, a ação das novas tecnologias sobre o cotidiano do trabalho no espaço fabril e os impactos ambientais decorrentes dessa ação. Nesse processo, recuperamos também as convergências entre a questão social e as diversas formas deexercício do poder (jurídicas, arquitetônicas, estéticas, médicas, etc.). Na pesquisa realizada na montadora EA1 do ABC paulista, retomamos as particularidades brasileiras da questão ambiental conforme proposto acima. Ao entrevistar sindicalistas e operários foi possível observar as crescentes exigências disciplinares que as novas formas de organização da produção impõem aos trabalhadores, os seus reflexos ambientais e a articulação de sofisticadas estruturas de poder (voltadas para a gestão da percepção e do conhecimento da fábrica). Ao mesmo tempo, encontramos setores do movimento sindical que questionam a fragmentação do conhecimento como uma das principais formas de constituição de estruturas de poder nafábrica. Esses setores propõem uma abordagem mais global e social dos reflexos da produção sobre o ambiente e questionam a organização do trabalho adotada no país. Esse embate exprime com clareza as novas e sofisticadas formas simbólicas do conflito capital-trabalho voltadas para o controle do
conhecimento, da identidade (envolvimento) e do emprego que serão discutidas ao longo desse trabalho