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LIMA, João da Gama Filgueiras | Lelé

 

 

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LIMA, João da Gama Filgueiras | Lelé

 

Nasceu em 10 de janeiro de 1932, Subúrbio da Central, Rio de Janeiro. Graduou-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura do Rio de Janeiro em 1955.

 

 

Os anos compreendidos entre 1956 a 1965 consolidaram-se como um marco na trajetória profissional do arquiteto, caracterizado por sua participação na construção de Brasília, a nova cidade-capital do Brasil idealizada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer durante o governo de Juscelino Kubitscheck; além do seu engajamento na fundação da UnB (Universidade de Brasília), inicialmente concebida por um grupo de intelectuais liderados pelo antropólogo Darcy Ribeiro e pelo educador Anísio Teixeira, para funcionar como uma estrutura inovadora do ponto de vista pedagógico e arquitetônico.

Logo após concluir a graduação, Lelé foi contratado pelo IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários), a convite de Aldary Henrique Toledo, um arquiteto modernista com quem mantinha um vínculo de amizade desde os tempos de faculdade. Em 1957, ele deixa o Rio de Janeiro em direção a Brasília para atuar como arquiteto responsável pela construção da superquadra 108 Sul, seus respectivos blocos de apartamentos e equipamentos complementares.

Ao chegar à nova capital, Lelé começou a introduzir métodos racionalizados, tanto para projetar e executar acampamentos pré-fabricados com a infra-estrutura básica de uma pequena cidade para abrigar cerca de 2_000 operários, quanto para viabilizar a implantação dos canteiros de obra. A utilização de fôrmas metálicas na confecção das peças pré-moldadas de concreto foi uma saída encontrada pelo arquiteto para evitar o desperdício indiscriminado da madeira, garantir a rapidez de execução, a redução dos custos e a precisão técnica-construtiva dos onze blocos de apartamentos padronizados desenhados por Oscar Niemeyer.

Em 1958, Lelé afastou-se do cargo que ocupava no IAPB para dedicar-se a sociedade firmada com dois amigos. No ano seguinte, retoma suas atividades na coordenação das obras de Brasília por apenas dois anos, pois em 1961 ele pediu demissão por conta de problemas familiares e em virtude da desaceleração do ritmo das construções da nova capital durante a gestão do presidente Jânio Quadros.

Com início das obras da Universidade de Brasília, Lelé foi convidado em 1962, por intermédio de Oscar Niemeyer, para integrar-se à equipe responsável pelo detalhamento técnico do escritório do CEPLAN (Centro de Planejamento da UnB), constituído inicialmente pelos arquitetos Ítalo Campofiorito, Glauco Campello, Virgílio Soza Gomes, Abel Carnaúba, Evandro Pinto, Oscar Borges Kneipp, Jaime Zettel, Carlos Bittencourt e o artista plástico Athos Bulcão.
O CEPLAN foi um centro destinado a elaborar e fixar um padrão para todos os edifícios da UnB, dentro das normas urbanísticas de Lucio Costa, além de orientar e conduzir os cursos da faculdade de arquitetura. A partir da criação deste órgão foi possível introduzir um novo ritmo de trabalho em Brasília, baseado em sistemas de pré-fabricação, visando construções rápidas, econômicas, funcionais e esteticamente simples.

Ainda no ano de 1962, Lelé ministrou a disciplina de graduação de Tecnologia da Construção, coordenou o curso de pós-graduação da UnB, assumiu a função de Secretário Executivo do CEPLAN, como também desenvolveu dois projetos autorais amparados nas técnicas de pré-fabricação e no conhecimento agregado durante a construção do escritório do CEPLAN.

Seu primeiro projeto para UnB foi o Galpão de Serviços Gerais, construído a partir da incorporação de elementos pré-fabricados leves de concreto armado, arrumados em função do esquema tradicional de pilares e vigas em madeira, feita com peças isostáticas. Nessa obra Lelé propôs subsistemas construtivos independentes entre si de modo que cada um deles cumprisse uma função específica sem interferir no desempenho dos demais, proporcionando ao prédio um alto grau de flexibilidade condizente com as exigências multifuncionais do programa. Já os Apartamentos para Professores (Colina) foram executados a partir de grandes componentes pré-fabricados de concreto armado. A idéia principal do projeto baseava-se na obtenção de espaços flexíveis através da elaboração de um arcabouço estrutural independente e aplicação de divisórias removíveis que permitissem a adaptação dos ambientes internos em função dos modos de vida de cada família.

Em 1963 Lelé viajou, por intermédio de Darcy Ribeiro, para o Leste Europeu e União Soviética buscando adquirir conhecimento necessário à implantação da fábrica de pré-moldados do CEPLAN. Essa experiência foi importante para que ele pudesse aprender sobre os aspectos técnicos da produção industrializada em larga escala e desenvolver sistemas construtivos compatíveis com a realidade brasileira. No entanto, a intenção de construir a fábrica do CEPLAN não frutificou, assim como tantas outras propostas lançadas na época, devido à abrupta tomada do poder pelos militares em 1964.

Quando o clima de tensão se intensificou por causa das ações autoritárias do regime militar, Lelé pediu demissão juntamente com 209 professores e funcionários da Universidade de Brasília em 18 de outubro de 1965, tornando-se alvo de perseguição política até 1968. Nos anos de 1965 a 1975, Lelé desenvolveu alguns projetos de Oscar Niemeyer e tantos outros de sua própria autoria, bem como ocupou o cargo de arquiteto consultor da Fundação Hospitalar do Distrito Federal de 1969 a 1972.

Em 1965, Lelé projetou em Brasília a casa do chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) do governo Médici. A Residência do Ministro de Estado é uma dentre tantas realizações resultantes da tendência nacional firmada durante o Estado Novo e que perdurou por toda a década de 1960, na qual jovens arquitetos tinham o Governo como principal cliente que os deixavam livres para experimentar todas as possibilidades das técnicas modernas e criar edifícios magnificentes financiados pelos cofres públicos. Este projeto de caráter racionalista apresenta uma proposta estrutural bastante arrojada, formada por uma grande caixa envidraçada delimitada por pilares de concreto articulados e vigas vierendeel destacadas na fachada longitudinal. Os brises fixos de madeira treliçada, as varandas generosas, os espaços ajardinados e os murais de azulejo são componentes que também foram incorporados a esta obra como um traço da tradição arquitetônica brasileira.

Nesse mesmo ano, Lelé aceitou a incumbência de projetar a Sede da Disbrave/Volkswagen (1965-85) - DF, executada em três momentos distintos ao longo de 20 anos. Esta obra embora obedeça a um programa de necessidades rígido destinado a abrigar atividades industriais, apresenta uma lógica construtiva bem distinta em relação às tipologias de igual natureza produzidas no mesmo período. As intervenções no projeto realizadas a partir da combinação de várias técnicas construtivas – tijolo cerâmico, concreto moldado in loco e argamassa pré-fabricada - não apenas garantiram ao prédio uma notável expressividade plástica, mas também um melhor desempenho funcional em termos de flexibilidade dos espaços e conforto ambiental.



CONTINUA ...



Diferente das demais produções realizadas pelo arquiteto no período, a Residência de Nivaldo Borges, erigida em Brasília no ano de 1975, é uma obra singular que retoma a antiga arte de construir a partir do uso extensivo de tijolos cerâmicos na forma de arcos e abóbadas de raiz catalã.


CONTINUA ...

 

 

 

Como citar esse documento

Autor do verbete:

Título: [online]

Disponível na Internet via <www.usp.br/architectus>

URL: <http://www.usp.br/architectus/architectus_Lele.htm>

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